11/19/2009

Pequena nota sobre o amor...

O passado persegue-nos desde o infinito até o momento presente. Há quem diga que vivemos vidas passadas, que somos o ressoar de outras existências, de outras experiências, de outros mundos, quiçá, como se fossemos o eco de estranhas civilizações. Esta última passagem faz-me lembrar o amor. Quando sentimos que amamos alguém, o mundo parece que cessa de existir, o que mais almejamos e consubstanciar a pessoa amada, materializar a nossa paixão, enfim transformar o intangível em tangível. O universo de uma relação com paixão é único, como se fosse criado um universo paralelo, uma estranha civilização (devo estas palavras a Chico Buarque). E quando o amor acaba? Podemos fazer como José Saramago e apagar o nome de Isabel Nóbrega das dedicatórias, mas este gesto não torna a Isabel num espectro invisível, ela continua a existir, a coexistir, a respirar. O amor por uma mulher pode ser evanescente nos nossos corações, mas não é no pergaminho da nossa memória. Subsistem momentos, vivências, missivas ridículas, gestos ditirâmbicos. Parece-nos, de repente, que tudo aquilo foi um delírio, que não estávamos em nós próprios. A alacridade transforma-se em melancolia. O amor, por vezes, em ódio, ou então, num vilipêndio repulsivo.

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