Todos os anos celebramos o 25 de Abril. Eu presto atenção aos discursos: todos repetem até a exaustão os termos da liberdade e da democracia. Também ouço com atenção as músicas do 25 de Abril. Ouço falar dos heróis do 25 de Abril. Vejo cravos em todas as esquinas. Perdoem-me os arautos do 25 de Abril, mas tudo isto que mencionei é cada vez mais mero folclore.
O 25 de Abril foi uma revolução branda, como são brandos os nossos costumes. Foi protagonizada por militares descontentes, não pela oposição anti-fascista. Está certo que existiu verdadeiros opositores ao regime, como Humberto Delgado, mas não tantos como os que abundam nos dias de hoje. O 25 de Abril foi uma revolução sem sangue mas que poderia ter culminado numa outra ditadura. Foi uma revolução que deixou máculas que ninguém quer discutir.
Os males da democracia portuguesa moderna, que vão desde os problemas na educação, na economia, na justiça e na equidade social têm origem naquele período conturbado e demasiado escarlate. Eu ainda não tinha nascido em 1974, não fiz parte daquele momento determinante, mas conheço a história. Posso estar redondamente enganado, mas tenho a impressão que o 25 de Abril ainda não trouxe verdadeira maturidade a nossa democracia. Tratou-se apenas de uma transição, infelizmente, atabalhoada. Ainda há muito por discutir, por melhorar e reformar.
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