Nunca pergunto o caminho a ninguém, gosto de me perder. Adoro caminhos ínvios. Tenho um mau sentido de orientação e aproveito isso ao máximo. Só saí do país uma vez, num InterRail, estive em Berlim, Paris, Amesterdão, Istambul, Atenas, Nápoles, Bucareste, Budapeste, Roma e Barcelona (por esta ordem). Lembro-me particularmente de me perder em Berlim. Aqueles parques, o pórtico de Berlim, o arcanjo dourado que aponta para Paris (segundo me foi dito), todos aqueles monumentos que relembram o passado prussiano. Os turcos, os alemães, as alemãs...Fui afectuosamente encaminhado por uma alemã, que suponho chamar-se de Amber, ela falou-me do muro, das feridas da Alemanha, do modo como este país ergueu-se depois da guerra. Depois fomos a um bar conhecer os amigos dela. Fui muito bem recebido, sem grande alarde, com simpatia e boa disposição. Fiquei particularmente impressionado com os temas de conversa, não eram banais, havia um pormenor que me encantou: as referências. Quando se tem uma conversa, devemos ter referências, sejam estas cinematográficas, literárias, musicais, ou do quotidiano. Aqui usa-se mais as de quotidiano, mas naquele lugar, em Berlim, eram mais as cinematográficas. Mencionar Thomas Mann ou Wolfgang Becker é muito diferente de usar as vivências pessoais de beltrano e sicrano para contextualizar. Existe uma certa cultura nisto, e, talvez, isto seja apenas mais um sinal de atraso no nosso país.
11/17/2009
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