11/16/2009

Depois do amor

Há uma passagem no 2666 que considero interessante, é no primeiro livro, e envolve Liz Norton e um dos seus amantes, não sei se o espanhol ou o francês. Estes quando iam a Londres satisfazer os seus desejos, deixavam a casa desarrumada, e Norton depois deles saírem tinha que arrumar a pequena confusão que eles deixavam para trás. O sexo por vezes tem destas coisas, pode ser óptimo, mas há sempre um depois, e é nestes momentos que, por vezes, percebemos que não temos intimidade nenhuma com nossa parceira ou parceiro. O diálogo depois do amor pode ser confrangedor, o silêncio também. Há um momento no Pulp Fiction sobre o silêncio. A Uma Thurman vira-se para John Trovalta e diz-lhe que é no silêncio, ou nos silêncios, que compreendemos que amamos alguém. Esta química no silêncio é fundamental na intimidade, duas pessoas podem ser óptimas conversadoras, mas se no silêncio, ou nos silêncios, não funcionarem, o amor não pode existir.

Sem comentários: